Teste de Fidelidade da Minha Namorada

Capítulo 1


— Por que você não faz um teste de fidelidade com ela? 

A ideia nasceu ali mesmo, como todas as grandes ‘geniais’, essa surgiu numa noite de bebedeira.

Quatro da manhã. Eu e João estávamos numa festa open bar, tentando recuperar o valor do nosso ingresso. 

A desculpa era comemorar o fim do intercâmbio dele. João havia acabado de voltar da Austrália com histórias demais e filtro de menos.

Confessei a ele que queria dar o próximo passo com a minha namorada. Morar junto, talvez até casar. Mas ainda tinha minhas dúvidas.

Para sempre, parecia muito longo. Muito tempo para ficar com uma pessoa só. Não sabia se ela tinha essa disposição. E também não sabia se ela era a pessoa certa.

Soltei uma risada quando ouvi a ideia dele. Parecia uma piada, mas João me encarava com a cara mais séria do mundo.

Ficamos em silêncio por alguns segundos. Meu riso murchou. Deu lugar a uma indignação quieta. João era cheio de ideia torta, mas aquela passava do ponto.

Quando percebeu que eu estava começando a ficar puto, ele caiu na gargalhada. Passou o braço pelo meu ombro, deu uns tapinhas no meu peito. Palhaço. Era só isso mesmo. Só mais uma daquelas provocações que ele soltava quando queria ver até onde dava para ir.

A gente saiu da festa quando as luzes apagaram e o segurança nos expulsou. 

Eu nem lembrava a última vez que tinha ido para a balada — provavelmente antes de começar a namorar. Só topei porque era o João. Estava com bastante saudade dele, sempre fomos muito próximos.

Ele, por outro lado, sempre brilhou nesse tipo de ambiente. Alto, loiro, cabelo bagunçado de surfista, tatuagem tribal cobrindo o braço. Tinha mina que se jogava. Literalmente.

Já vi ele pegar mãe de amigo, professora e até mulher casada. Ele tinha esse talento esquisito. Dava medo pensar no que ele seria capaz se quisesse usar isso para o mal.

Se Tati resistisse a ele, resistiria a todas as outras pessoas do mundo.

Enquanto tentava dormir, chapado, com a luz do sol furando as frestas da janela, voltou na minha cabeça a conversa sobre teste de fidelidade.

Comecei a pensar que João seria a pessoa perfeita. Tati não o conhecia, já que ele estava há anos fora do país. Era alguém em que eu confiava plenamente, já que a gente se conhecia desde criança. Sabia que no fim do dia ele estaria do meu lado.

Sabia que era uma ideia idiota. Mas, meu cérebro tentava justificar. Se ela resistisse, era prova de que era a pessoa certa. Se não, seria melhor descobrir agora do que lá na frente.

Acordei mais tarde. A ideia ainda estava na minha cabeça, firme, como se tivesse sobrevivido à ressaca melhor do que eu. Mandei mensagem pro João. 

“Mano, acordei pensando naquilo que você falou ontem”

“Qual parte? kkkkk”

“Do teste… cara acho que se tem razão. Vamos fazer o teste nela”

“Não precisa de toda essa história, se quiser que eu coma sua namorada, eu como kkkkk 🤠🐄”

“Seu imbecil, tô falando sério. Preciso tirar isso da minha cabeça”

“Manda uma foto dela… deixa eu ver se vale a pena”

Já na troca de mensagens, bateu um arrependimento. Não era exatamente surpresa — o João sempre foi meio babaca. O tipo de amigo que passa dos limites e depois ri como se nada tivesse acontecido. Tinha hora que ele exagerava tanto que eu ficava sem saber se ele era brincalhão ou só escroto mesmo.

Ainda assim, mandei uma foto de rosto dela. Eu estava pedindo para ele um mega favor, aceitei que o preço para isso era que ele iria tirar um pouco de sarro da minha cara. 

“🍆💦 Tati, sua delícia!!! Fechado. Como se quer que eu faça?”

“Adiciona ela no insta, joga uma conversa e chama ela para sair”

“🫥”

“É sério. Se faz isso por mim?”

Demorou um pouco mais para responder, talvez estivesse digerindo. 

“Beleza. Só não esquece que foi você que pediu”

“Beleza”

“Vou fazer isso porque se é como um irmão para mim. Mas, não quero nenhuma encheção de saco depois que se virar corno 🤣”

Aceitei. E João levou nosso plano bem a sério. Primeiro ele me deletou do Instagram e todos nossos amigos em comum. Queria garantir que ela nem suspeitasse que existia uma ligação entre nós dois. Depois, enviou a solicitação de amizade.

Bateu uma ansiedade forte. Por um lado, seria bom se ela recusasse ele logo de cara, era um sinal que levava o nosso namoro a sério. Por outro lado, se nem adicionasse ele, eu ia ficar com a sensação de que aquele teste não valia como prova. Podia simplesmente achar que era perfil de um fake. 

Só contaria para mim se eles realmente conversassem. Eu queria que ela soubesse com quem estava lidando. Que fosse tentada de verdade. E mesmo assim, dissesse não.

Cheguei até comemorar quando o João mandou o print. Ela havia o aceitado. O plano estava dando certo.

Ou pelo menos, era o que eu queria acreditar.


Capítulo 2


“Obrigado por me adicionar! Achei você linda… adoraria te conhecer melhor 😄”

Fui à casa do João e fiquei assistindo enquanto ele mandava mensagens para minha namorada. O plano estava em ação.

A abordagem inicial dele parecia ridícula, mas eu sabia muito bem que funcionava. A verdade é que tanto fazia qual era a primeira mensagem, o que fazia as mulheres continuarem a conversar eram as fotos deles.

Ele começava sempre com essa pose de bom moço. Educado, gentil. Só depois mudava o tom, revelando quem ele realmente era.

João curtia umas paradas estranhas, meio estilo “50 Tons de Cinza”. Uma vez, ele mostrou uma conversa com uma garota que mesmo sem ele responder há mais de um ano, ela continuava mandando nudes. Dizia que ainda era propriedade dele e ele era o mestre dela.

Confesso que ficava um pouco chocado. Eu odiaria saber que minha filha estava namorando alguém como ele. E agora, precisava torcer para minha namorada não cair no papo dele.

Dizem que, quando você está em dúvida entre duas escolhas, é só jogar uma moeda para o alto. No tempo que ela leva para cair, você já sabe o que quer. 

O plano mal tinha começado e eu já sabia. Queria que a Tati passasse no teste. Queria seguir em frente com ela.

A gente já namorava há alguns anos. Eu a conheci num app e a conversa engatou quando descobrimos que estudávamos na mesma faculdade, em cursos diferentes. Ela fazia fonoaudiologia. Eu, medicina.

Mesmo com o papo bom e as fotos bonitas, fui para o primeiro encontro pronto para a decepção. Esses encontros de apps são sempre assim, as fotos enganam demais.

Quando vi uma loira magrinha, com o cabelo que chegava até quase a cintura e um bundão magnífico vindo na minha direção, nem reagi. Tinha certeza de que não era ela.

Tati me deu um beijinho e sentou-se na minha mesa, e eu fiquei com a boca aberta, sem acreditar que de fato meu date era com aquela deusa. E mesmo com certo nervosismo meu, o encontro foi super legal. Tanto é que a gente continuou a sair.

Demorou um tempo até rolar o primeiro beijo. Tati era meio timidazinha, com uma carinha de santa. E eu, iludido, achei que ela era inexperiente. Cheguei a pensar até mesmo que fosse o primeiro cara dela. Achei melhor fazer tudo devagar.

Só depois de anos juntos que contei isso para ela. Tati caiu no chão de tanto gargalhar. Descobri que não só não era o primeiro, como ela já tinha dormido com muito mais gente do que eu, até mesmo tinha experiência com outras meninas. 

Tentei disfarçar, fingir que estava tudo bem. Mas por dentro, algo trincou.

Não era ciúme ou moralismo. Era só uma pergunta que apareceu e não me deixou mais em paz: quem já viveu tanto assim, consegue parar?

Desde então, essa dúvida me acompanhava.

“Aí… brigada, viu? Mas, moço, eu tenho namorado 🙊”

Pelo menos, a primeira resposta dela para o João me deu um alívio imediato. Poderia ter sido mais firme, mais direta, mas pelo menos ela avisou que era comprometida. Era um bom começo.

“Ah, que pena… então a gente pode ser amigo, né?”, ele respondeu.

“Claro! 🙃”

Com isso, relaxei. Até brindei com o João. Falei que ele podia encerrar. Que ela tinha me escolhido. Nem o pegador da nossa turma conseguiu ‘tentar’ minha princesa.

Ele me olhou torto, como se tivesse mordido um limão. João sempre foi competitivo, mas não imaginei que até nisso ele quisesse vencer.

— Isso é uma maratona, não uma corrida. — foi a resposta dele. O jeito me incomodou um pouco. Ele estava empenhado demais.

Mesmo assim, tentei não encanar. As coisas estavam indo do jeito que eu queria.

Terminei minha bebida, agradeci profundamente o João e fui embora da casa dele. Eu estaria em paz se tivesse mesmo. Já dava para chamar aquilo de vitória. A minha noia tinha baixado.

Os dias passaram sem novidade. Achei até que o João tinha desencanado depois da negativa. Para ser sincero, 

Então, numa tarde qualquer, deslizando o feed, me deparei com uma foto. João, na academia, de regata. Ombro estourado, tanquinho aparecendo, tatuagem em destaque. Legenda boba sobre foco e saúde. 

Mas aquilo não era sobre treino — era uma isca de contatinho. Ele queria chamar atenção. Queria que ela visse. Queria que ela viesse.

Minha ansiedade foi para o limite de novo. Fiquei com uma sensação ruim. Fiquei olhando compulsivamente o celular, esperando uma notícia ruim. 

Quase mandei mensagem perguntando se ela tinha dito algo. Me segurei. Não queria que meu amigo soubesse quão desesperado eu estava.

Demorou algumas horas, João mandou um print. Tati tinha curtido o story.

Ufa, era só isso? Se fosse, eu conseguia viver. 

Respondi dizendo que aquilo não era nada. Ela vivia no Instagram, curtia tudo quanto era post. Ele não rebateu. Só mandou outro print. 

E eles estavam conversando de novo.

Capítulo 3


A primeira mensagem era do João.

“Seu namorado sabe que você fica curtindo story dos seus amigos na academia?”

“Ele confia em mim… e, além disso, curtir story não é crime 😌”

“Só vira crime se você tiver gostado demais do que viu… e aí, gostou?”

“🙄”

Depois daquela cortada com um simples emoji, João não respondeu, deixando minha namorada no vácuo por alguns minutos. Foi ela que retornou a conversa.

“Você treina faz tempo? Dá pra ver que leva a sério”

“Anos. Disciplina é tudo. Quer ver o progresso real?”

“Manda aí, tô curiosa kkkk”

“Mas só se prometer não se apaixonar”

“👀 Besta kkk”

João mandou uma foto sem camisa, posando de lado e fazendo muque, como se fosse um “body builder”. A foto deixava claro que ele tinha passado uma boa parte da vida dentro da academia. Os músculos saltavam do ombro, do pescoço, do peito. A barriga parecia desenhada com um  tanquinho bem definido.

Mas não era só isso que a foto destacava. 

Ele usava um shorts preto. A peça colava no seu corpo, deixando quase nada para a imaginação. Além de alto, loiro, saradão, João também havia sido abençoado com a grandeza lá embaixo. 

Tati curtiu a foto. Em seguida, mandou:

“Credo… precisava mesmo mandar tudo isso? 😳”

“Ué, você que pediu kkkk”

“Pedi o progresso… não um raio-x 😅”

“Mas tá aprovado?”

“Acho que você não tá precisando de aprovação nenhuma, né?”

“Só da sua 😏”

Ela demorou para responder, como se tivesse pensando se devia mesmo mandar a próxima mensagem.

“Esse short tá pedindo socorro 🤭”

“Quer ver sem o short?”

A conversa parava ali. E eu fiquei com vontade de vomitar. O que mais doeu não foi só o flerte. Foi ver a hora da última mensagem.

Tati já tinha me mandado um “boa noite, amor”, com um coraçãozinho no final. Disse que ia dormir cedo, que estava cansada. Eu acreditei.

Mas as mensagens com o João continuaram depois disso. Ela não foi dormir. Ela só parou de falar comigo.

Pensei em terminar tudo com a Tati naquele momento. Mas segurei.

A verdade é que eu precisava saber até onde aquilo iria. Se era só um jogo leve, sem consequência. Se, no fim do dia, ela ainda respeitaria nosso relacionamento. 

Eu precisava ver a linha sendo traçada. E se ela seria capaz de cruzar.

Tentei me agarrar no que dava. Tati não tinha respondido o “quer ver sem o short?”. Pelo menos isso.

Deitei com aquilo na cabeça, forçando um otimismo. Queria acreditar que ela tinha percebido o limite e recuado. Que, por mais que tivesse brincado, ela ainda lembrava de mim.

Dormi tarde e acordei ainda mais tarde, com a cara amassada e o celular vibrando na mesa de cabeceira. João havia me enviado mais prints da minha namorada conversando com ele.

“Bom diaaa! ☀️”

“Bom dia pra quem? Me deixou no vácuo ontem…”

“Kkk desculpa! Acabei dormindo”

“Fiquei até preocupado. Achei que tinha ficado ofendida com a última mensagem”

“Claro que não 🙈 Só achei que a gente tava indo longe demais… e eu tenho namorado, lembra?”

“Vi umas fotos de vocês dois. Sendo bem honesto… difícil de acreditar.”

“Ué? Como assim?”

“Nada contra o cara, mas pra conquistar um mulherão como você, ele deve ser um santo 😅”

“Ai, para com isso… meu namorado é incrível, tá? 🙄”

“Nunca deu uma escorregada?”

“Óbvio que não! Eu não sou esse tipo de pessoa kkk”

“Sei… mas do jeito que se é… deve chover oportunidade. Nunca passou nem perto?”

“Ah… Pensar, todo mundo pensa. Mas fazer? Nunca.”

Dizem que a primeira fase do luto é a negação.

Eu lia aquelas mensagens sabendo, no fundo, que a Tati já estava me traindo. Não era só conversa boba. Ela estava dando mole para meu amigo.

Mesmo assim, arrumava desculpas para ela. Dizia que ela só gostava da atenção. Que era vaidade. Que João também era um mestre em provocar e tirar as palavras certas. 

Tentava olhar para o copo meio cheio. Eu não era corno. Pelo menos, não ainda.

João continuou a conversa, mandando uma foto com a legenda:

“Não precisa passar vontade, sei que você quer ver 😉”

Não dava pra saber o que ele tinha mandado. Era uma daquelas fotos que desaparecem assim que são vistas. Mas Tati abriu a foto. E antes dela falar alguma coisa, João enviou:

“Eita… Pra quem ‘não queria’ se abriu rápido, hein? ”

“Aff, que besta! 😅 Me enganou, tinha nada de mais nessa foto”

“Ah, vou mandar o ouro de graça para você? Kkkk. Quer ver de verdade? Troco uma sem cueca por uma sua sem calcinha 😈”

“Nem pensar, não sei o que você vai fazer com essas fotos”

“Posso te mandar um vídeo mostrando como eu vou usar a foto…”

“Como você é besta… não, nude não rola”

“Tá bom... Foto de biquini então?”

“Não tenho nesse cel… e eu não vou colocar um biquíni só para tirar foto para você, né? 🤣”

“Poxa… por que não? Você negocia duro demais. Beleza, manda só uma de costas no espelho. Nada de mais. Só quero ver esse cabelo bonito aí”

Aquela era a última mensagem. Fiquei horas em silêncio, grudado no celular, esperando o pior.

Queria acreditar que ela não responderia e a ansiedade crescia. Cada notificação que chegava fazia meu estômago virar. E nenhuma delas era do João.

Abri e fechei a conversa mais vezes do que consegui contar. Tentava me acalmar, pensando que, se ela fosse mandar, já teria mandado. A demora era um bom sinal. 

Mas não adiantava. Eu já estava destruído por dentro. Eu não aguentava mais.

Aquilo era uma idiotice. Não passava de um plano estúpido. 

E eu amava a Tati. E não eram aquelas mensagens imbecis que mudariam meu sentimento. 

Podia só eu parar aquilo tudo, voltar para minha vida normal e continuar com ela.

Peguei o celular e mandei para o João:

“Pode bloquear a Tati. Vamos encerrar o teste.”

Capítulo 4


“Pô, agora que tava ficando bom?”, João protestou quando pedi para encerrar o teste.

Honestamente, esperava mais de um dos meus melhores amigos. Achei que ele fosse entender a merda que eu estava sentindo, que fosse me apoiar. Mas esse era o João, sempre mais preocupado em fazer piada do que em me ajudar.

Expliquei que não dava mais e estava esgotado. No meio daquela bagunça, percebi o quanto gostava da Tati e que não queria perder ela por causa daquela idiotice.

Ele respondeu só com um joinha. Para mim, aquilo encerrava o assunto. Achei que tinha deixado aquele capítulo para trás.

E em vez de ficar ressentido com a Tati, ou desconfiado, decidi fazer outra coisa. Decidi me dedicar. Garantir que aqueles pesadelos em que ela me trocava por outro nunca virassem realidades.

Tati falava quase toda semana o quanto ela sentia falta de ir à praia. Então, decidi fazer uma surpresa. Reservei um hotel cinco estrelas à beira-mar, com tudo incluso. Ia ser extremamente pesado financeiramente para mim, mas era minha forma de virar a página.

Quando contei, ela ficou radiante. Abriu um sorriso e passou os dias antes da viagem animada, falando das roupas que ia levar e tudo que queria fazer.

O lugar era incrível, cheio de atividades. Já no primeiro dia, fomos para o Stand-up logo cedo, almoçamos frutos-do-mar, depois curtimos a piscina com borda infinita olhando para o oceano. Parecia um sonho.

De noite, fiquei esperando minha recompensa por planejar aquela surpresa. Tati deitou-se do meu lado, ficou no celular uns minutos, virou para o lado e dormiu. Achei que fosse o cansaço do primeiro dia, a gente tinha feito muita coisa. Foi um pouco frustrante, mas não parecia que havia algo errado.

No segundo dia, aproveitamos igual. Acordamos cedo, tomamos café na varanda e fomos direto para a praia. 

Tati parecia ainda mais animada que no primeiro dia. Repetia o tempo todo o quanto aquela surpresa tinha sido perfeita. Dizia que me amava, me abraçava do nada, dava beijos curtos no meu pescoço, no rosto, no ombro. Estava leve, rindo de tudo.

A única coisa que destoava era o celular.

Entre uma atividade e outra, entre um mergulho e um drink, estava sempre com a tela na mão. Digitando, respondendo rápido, bloqueando, desbloqueando, olhando de novo. Como se tivesse algo acontecendo ali que ela não podia deixar de lado.

Tati nunca foi de ficar tanto tempo no celular. Nem em casa, muito menos numa viagem a dois. Ela costumava militar sobre como as pessoas estão deixando de viver a vida para ficar no celular, e agora, naquele paraíso para nós dois, ela cometia o pecado que tanto condenava.

Passou pela minha cabeça que ela podia estar falando com o João. Só a ideia já me dava calafrios. 

Ainda assim, tentei me convencer de que era só paranoia. João não faria isso comigo. Tinha sido claro. Pedi para encerrar o teste, e ele tinha aceitado. 

Mesmo assim, aquela dúvida não saía. Ficava ali, no fundo da cabeça, cutucando. 

Fiquei tentando espiar o que ela estava fazendo. Tentava pegar algum nome refletido na tela, algum pedaço de conversa. Mas nada.

Todas as vezes em que cheguei perto o suficiente, ela bloqueava o celular. Quando eu perguntava o que ela estava fazendo no celular, Tati dizia que só estava vendo umas bobeiras e mudava de assunto logo em seguida.

Minha empolgação com a viagem foi murchando aos poucos, até sobrar só o silêncio e a cara fechada. Fiquei na minha calado, dentro de mim não restava mais nada daquele clima de começo de viagem.

O pior é que eu me culpava.

Achava que essa paranoia toda era culpa minha. Essa crise de ciúmes só existia porque eu tinha inventado aquele teste imbecil. Eu que havia plantado essa dúvida e agora ficava me torturando quando não devia ter nada de mais no telefone dela.

De noite, a gente deitou na cama. Ela se ajeitou do lado dela, pegou o celular e mergulhou ali de novo. Silenciosa, concentrada. Passaram quase trinta minutos assim, como se eu nem estivesse ali do lado. 

De repente, ela deu um suspiro, deixou o celular no criado mudo e virou para mim.

Subiu devagar por cima do meu corpo e começou a me beijar. Achei que finalmente as coisas estavam voltando ao normal. Comecei a tirar minha roupa, sem pensar muito.

— Aí amor, que saco... justo essa semana eu tô menstruada — disse, pedindo desculpa.

Ainda assim, não parou. Continuou me beijando, primeiro a boca, depois desceu para o meu pescoço, até chegar no meu peito. As mãos dela desceram até encontrar o meu pau. Sem pressa e com firmeza, ela me masturbou, até eu gozar na mão dela.

Sorrindo, ela limpou a mão numa toalha, virou para o lado e dormiu.

Eu quase fiz o mesmo. Embora estivesse satisfeito, tinha alguma coisa errada. Eu precisava, de qualquer forma, saber o que ela estava fazendo no celular.

Capítulo 5


Tati dormia profundamente, virada para o lado, o celular ainda na mesinha.

Fiquei olhando para a tela apagada por alguns segundos, o quarto em silêncio, só o som da respiração dela no fundo. Peguei o aparelho com cuidado e fui para o banheiro, fechando a porta devagar.

Me encarei no espelho por alguns segundos, celular na mão, tela bloqueada.

Sabia que invadir a privacidade da minha namorada era errado. Mas não ia conseguir viver se não fizesse. Só ia pensar nela conversando com João.

Digitei a senha que sempre funcionou, o aniversário dela.

Erro.

Tentei de novo. O mesmo resultado.

Tati havia mudado a senha do seu celular.

Na hora, o coração acelerou. Senti o estômago embrulhar. Por que ela faria isso?

Tentei o aniversário da mãe dela. Depois do pai. O do irmão. Nada.

Já ia desistir, quando tentei o meu aniversário. A tela desbloqueou.

Fiquei parado ali por uns segundos, com o celular destravado na mão. Pelo menos, ela estava pensando em mim quando mudou a senha.

Comecei a vasculhar o celular dela com as mãos trêmulas. Fui direto pro Instagram.

João tinha mesmo bloqueado ela no Instagram, como eu pedi. A conta não tinha foto de perfil, nem status. Só que, antes disso, passou o número dele e Tati o adicionou no WhatsApp.

Comecei a ler a conversa. Senti o sangue subir. A raiva veio tão forte que precisei me controlar para não arremessar o celular na parede.

Tati havia mandado uma foto com um vestidinho branco de costas para o espelho. Ela empinava, se contorcia e fazia bico. Era uma pose ridícula, claramente algo que eu não gostaria de ver minha namorada enviando para outro cara.

João respondeu com uma foto. Era o rosto do João, bem de perto. Barba feita, cabelo bagunçado, aquele sorrisinho idiota de sempre.

“Aff… não era essa foto que a gente tinha combinado 😒”, Tati respondeu.

“A fotinho toda comportada que você mandou não vale isso tudo, né? ”

“Comportada? Eu mostrei o bem mais precioso kkk”

“Você quer uma foto minha sem roupa nenhuma, sendo que a sua você tava vestida… não parece justo”

“Eu não vou mandar nude!”

“Parece que estamos num impasse, então, ninguém vai ter o que quer”
Depois daquela conversa, os dois passaram alguns dias sem se falar.
João tinha esse hábito. Ele dizia que, com certas mulheres, era preciso deixar no ar. Criar espaço. Ficar quieto por um tempo deixa elas querendo mais.

Para o meu desespero, a estratégia havia funcionado com minha namorada. Tati que reviveu a conversa, enviando uma foto no provador de uma loja vestindo um biquíni. 

“Pronto. A foto de biquíni que você tava querendo. Que você achou? Devo comprar?”

“Desculpa, eu não sou leviano. Preciso de mais informação para dar uma opinião aprofundada. Manda de costas.”

“Você é louco kkkkk.”

“Talvez, mas tem recompensa se você mandar”

Recompensa. Ele estava tratando minha namorada como se fosse um cachorro adestrado. E ela parecia gostar.

Tati mandou a foto. De costas, olhando por cima do ombro, fazendo biquinho. O biquíni mal cobria o que precisava. Aquela bunda enorme deixava a peça quase invisível.

João respondeu com outra imagem. Era ele de cueca, claramente excitado. A sombra deixava pouco espaço para dúvida.

Tati respondeu em seguida:

“👀 Ficou animado, hein? Vou comprar o biquíni então 😏”

“Sim! Se quiser podemos alugar um quartinho com piscina e estrear ele nesse fds…”

João fingia bem. Ele sabia que ela iria viajar comigo, porque eu já havia contado. 

“Não vai rolar… vou viajar com meu namorado 😅”

“Não acredito… me traindo assim, na maior cara dura?”

“Como você é besta, menino kkkk”

“Mas pelo menos descobri uma forma de resolver nosso impasse sobre quem manda a foto primeiro…”

“👀 Já sei que vou me arrepender porque deve ser besteira, mas fala…”

“Simples. Se um de nós transar no fim de semana, tem que mandar foto sem nada depois.”

“Meu Deus! Kkkkk você é muito doido”

“Fechado? Quem transar, perde?”

“E eu vou ter que ficar enrolando meu namorado agora? Assim fica fácil demais pra você…”

“Lógico que não. Já tinha um contatinho separado pro fim de semana também…”

“Tá… fechado. Mas não vale trapacear, hein? Se fizer sozinho, também conta”

“Fechado”

Doía demais ver aquela conversa. Minha namorada não estava cansada ou menstruada. Era por causa daquele joguinho estúpido que a gente não estava fazendo amor.

Mas o pior nem era isso.

Descobri o porquê dela não largar o celular na viagem. 

O resto da conversa entre eles era parte do jogo. Fotos, insinuações, provocações. Um tentando fazer o outro perder a aposta.

Tati mandava selfies deitada de biquíni na cama do hotel, fazendo carão. Legendas com duplo sentido. João respondia com fotos dele na academia, de toalha, suado, sempre com alguma frase idiota.

Os dois, usando todas as armas à disposição para fazer o outro perder.

Coloquei o aparelho de volta no mesmo lugar, com o cuidado de quem tenta apagar um crime. Voltei para a cama derrotado.

Ela dormia tranquila, como se nada estivesse acontecendo. Deitei ao lado dela em silêncio. O teto era tudo o que eu conseguia encarar.

Não sabia o que fazer. Não sabia o que dizer. Só sabia que meu relacionamento tinha acabado.

Capítulo 6


Acordei antes dela e comecei a arrumar as coisas freneticamente para ir embora. Tati acordou pouco depois. Sentou na cama, me olhando por alguns segundos.

— Tá tudo bem?

— Tá — respondi, sem olhar para ela.

Ela percebeu que não estava. Mas não insistiu. Só ficou observando enquanto eu terminava de fechar a mala.

No caminho de volta, falei o mínimo possível. Respondi com monossílabos, forcei um sorriso aqui e ali, todos os sistemas operando no automático. Deixei Tati em casa. Ela me abraçou forte e me deu um beijo demorado. Não correspondi, e saí dali.

Só que eu não fui para casa.

Dirigi direto para a casa do João, tomado por uma raiva que já não cabia no meu corpo. Estacionei na frente, bati o portão com força. Um minuto depois, ele apareceu. Pelo cheiro e pelo barulho que vinha da casa dele, ele devia estar almoçando com a família.

— Que foi, mano? — ele disse, confuso.

Não respondi, mas tentei acertar um soco direto no rosto daquele filha da puta.

Ele só segurou a minha mão, antes que eu conseguisse causar qualquer dano. Era uma luta impossível, ele tinha quase trinta centímetros a mais que eu.

João apenas segurou meus braços e manteve a distância, como se eu fosse uma criança fazendo birra.

— Tá maluco? — ele gritou.

E naquele momento, eu estava.

Ele esperou alguma resposta minha. Eu continuei me debatendo, tentando acertar qualquer parte dele. O braço, o peito, a canela, o que fosse. 

— Mano, tá bom, já entendi o que tá acontecendo. — João disse, calmo demais — Você sabe que é como um irmão pra mim, mas não tem como eu resistir a uma putinha como a Tati. Eu só vou brincar com ela um pouco... depois vocês podem voltar a namorar, quem sabe até casar.

Sabendo que não ia conseguir golpeá-lo, fiz a única coisa que me restava. Cuspi na cara dele.

O cuspe pegou no queixo dele, grudando na barba daquele miserável. Ele parou por um segundo. Olhou para mim e deixou a calma de lado.

O soco veio seco, direto na minha barriga. Todo o ar saiu do meu corpo de uma vez. As pernas falharam. Fui ao chão da calçada como um saco vazio, sem força nem para gemer.

— Vai embora daqui — ele disse, olhando de cima — antes que eu te machuque de verdade.

Ele fechou a porta na minha cara, rindo. Fiquei parado na calçada, ainda tremendo de raiva. Dei uma bica no portão, que com certeza me machucou mais a minha perna do que o portão.

A raiva foi diminuindo devagar, sendo substituída por outra coisa. Vergonha.

Vergonha de ter sido reduzido àquilo. De ter apanhado, sido desprezado, sido traído. 

Aceitei que não conseguiria nada. Não ia machucá-lo. Não ia fazê-lo parar. Ele não sentiria pena de mim. Parte da tara do João era me ver naquela posição — humilhado.

Passei os dias seguintes em casa, me arrastando. Tati mandava mensagens, perguntava se estava tudo bem. Eu inventava desculpas: cansaço, trabalho, estresse.

Sabia que a gente tinha acabado. Só não tinha coragem de ter essa conversa com ela, e explicar o porquê estava tomando aquela decisão.

Ficava só me torturando imaginando as putarias que ela deveria estar conversando com o meu “amigo” por mensagem.

Segui nesse ritmo até chegar o final de semana. Passei o sábado inteiro no meu quarto, hora olhando para o teto, hora assistindo qualquer porcaria na TV para tentar não pensar em nada do que estava acontecendo na minha vida.

Foi só de noite que reparei que Tati não havia mandado nenhuma mensagem naquele dia. Talvez estivesse ocupada com alguma coisa, talvez tivesse aceitado que precisava de um tempo, sei lá. Era estranho, mas não era algo com que eu tinha energia suficiente para me preocupar.

De madrugada, fui acordado com meu celular tocando. Ainda totalmente grogue de sono, fui tateando minha cama até achar o celular. Era uma chamada de vídeo.

Atendi, sem falar nada. A tela abriu e, por um segundo, meu cérebro não processou o que via. 

Era uma chamada do João. Mas não era o rosto dele que aparecia.

Era Tati. Ela estava de joelhos, usando uma lingerie preta rendada, meia-calça até a coxa. Os braços amarrados atrás das costas. Os olhos vendados com um pano escuro.

E eu, do outro lado da tela, congelado. Assistindo. Sem entender como tinha chegado ali.

Capítulo 7


— Está gostando de obedecer ao seu dono? — João perguntou, com uma voz mais grave do que o normal, carregada de autoridade.

— Você é muito doido… — Tati respondeu, rindo nervosa, sem saber ao certo se era uma brincadeira ou se aquilo já tinha virado real. — Sim.

João se abaixou, colando o rosto no dela.

— Sim o quê?

— Sim, mestre. Eu estou amando ser sua.

João olhou direto para a câmera. Um sorriso cheio de triunfo. Uma encenação toda era para mim.

Ele se aproximou dela, massageando o rosto da minha namorada com seu pau. Tati inclinou levemente a cabeça, como um cãozinho recebendo carinho. Os lábios dela se abriram e sua língua foi para fora, implorando.

João segurou a cabeça dela com as duas mãos e afundou de uma vez só seu pau até onde ela conseguia engolir. 

Repetiu o gesto. Depois de novo. Parecia testar os limites dela — até onde podia ir sem quebrá-la de vez.

Era brutal assistir. Não combinava com nada do que eu conhecia da Tati. Ela nunca deu sinal de gostar disso — ser amarrada, usada, humilhada. Talvez esse fosse o real problema: eu não conhecia minha própria namorada.

Tati se debatia, sem ar. Depois de ser usada como brinquedo mais uma vez, murmurou:

— Calma, mestre... deixa eu respirar um pouco.

Ele riu, satisfeito. Deixou a cabeça do seu membro tocar os lábios da minha namorada, que, ainda ofegante, se esforçava para agradá-lo. Lambia, engolia devagarinho e tentava seduzi-lo, enquanto João passava a mão na sua cabeça, recompensando-a.

Ele só estava esperando minha namorada recuperar o fôlego. Foi só ela abrir um pouco a boca para dar um selinho na cabeça do pau dele, e ele aproveitou para surpreender e começar a foder a boca dela num ritmo alucinante.

Amarrada e ajoelhada, Tati fazia o máximo de esforço para manter a compostura e não ser jogada ao chão.

Era chocante demais. A mulher que eu tinha idealizado e chamei de princesa. Agora estava ali, sendo tratada como uma verdadeira puta.

— Mestre… eu não aguento mais, me come, por favor. – Tati suplicou, depois de virar o rosto, lutando para que João parasse.

Ele não disse nada. Sem desamarra-lá, João a envolveu em seus braços e a ergueu com facilidade. Sentou na beirada da cama e a colocou no colo, com a bunda virada para cima, como se ela fosse propriedade dele. 

E pelo menos ali, naquele momento, era.

Desliguei a chamada sem pensar. Só apertei a tela com força e a imagem sumiu. Fiquei olhando para o reflexo da minha cara na tela preta do celular.

Mas, não ia ser tão fácil escapar daquele pesadelo. João me ligou de novo, e eu, sem forças para reagir atendi para ouvir a voz dele dizendo:

— Me compara com o seu corno.

— Aí, João… — Tati finalmente saiu da personagem e protestou — Não quero fazer isso, vai, vamos continuar que tá gostoso…

PLAFT. Ele deu um tapa ardido na bunda da minha namorada, que soltou um gritinho, que misturava surpresa e dor. 

— Nenhuma puta me chama pelo meu nome. — João esbravejou. — Agora vai, faz o que mandei.

PLAFT. Mais um tapa, sem nem esperar ver qual seria a reação dela. Tentando garantir através da força que ela não desobedeceria a ele nunca mais. 

— Aí mestre, doeu. — Tati disse entre seus gemidos, usando uma voz de piranha que nunca tinha usado para mim. Não era só ele que estava usando suas armas para conseguir o que queria.

PLAFT. O som ecoou no quarto abafado. Tati nem se mexeu. Só mordeu o lábio, como se estivesse esperando pelo próximo.

 PLAFT e PLAFT. João distribui mais dois tapas, deixando claro que a oferta dele não era negociável. 

— Fala.

Ele afundou a cabeça dela no colo dele, esfregando o pau na cara dela. Mesmo se ela quisesse falar algo e me humilhar, estava difícil por tudo que ele estava fazendo com o corpo dela.

PLAFT.  A bunda branquinha de Tati já estava completamente vermelha. Não tinha o que ela fazer, ele não ia parar enquanto ela não obedecesse.

— Puta que pariu, mestre, me come — pediu mais uma vez — Meu namorado é um corno, e você é mil vezes mais gostoso que ele, tá feliz agora? AGORA ME COME PELO AMOR DE DEUS.

João riu e colocou o celular filmando a buceta de Tati. Ele queria me mostrar uma coisa. Ele dedilhou um pouco a região e disse:

— Parece que alguém está gostando de ser tratada como puta. Seu namoradinho deixa você molhada assim?

— Nunca, mestre. Aquele corno não sabe tratar uma mulher como você.

— Parece que precisamos ensinar a ele então… — respondeu enquanto enfiava o dedo melado na boca da minha namorada.

João desatou o nó que prendia os braços da minha namorada. Posicionou-a no meio da cama, ergueu as pernas dela e as prendeu com o seu braço, enquanto lubrificava o seu pau nos líquidos que escorriam dela. 

Eu estremeci. Aquele pau enorme iria comer a menina que eu amava na posição do frango assado.

Ele bombava com tanta força que a cama inteira tremia, junto com o celular. Era como se o quarto estivesse no meio de um terremoto. Tati gritava. Não era mais prazer. Era descontrole. Era perda total de si.

— Se o corno estiver assistindo, o que você quer falar para ele?

Tati hesitou. Ofegava, tentando recuperar o fôlego. Mas não respondeu.

João segurou o pescoço dela, apertando com firmeza. A voz dele veio carregada, firme:

— Fala o que você falaria se o corno estivesse aqui. Agora.

Ela olhou na direção da câmera, mesmo vendada. A voz saiu baixa, arranhada:

— Me desculpa...

Ao ouvir isso, eu não aguentei. Comecei a chorar. Naquela insanidade, ela ainda tinha um pouco de consciência que a fazia se sentir culpada.

João não gostou.

— Desculpa não, vagabunda. Quero a verdade. Fala a verdade.

— Ele nunca foi suficiente... nunca — Tati disse, entrecortada, com a voz falhando entre os movimentos brutais de João. — Ele não é nem metade do homem que você é, mestre.

João avançou com tudo, como se aquelas palavras fossem o sinal que ele esperava. Mergulhou o corpo sobre o dela, enterrando seu pau inteiro e jogando seu corpo sobre o dela. Se não fossem as pernas da minha namorada para cima, a cena até poderia passar por um abraço. Intenso. Íntimo. Quase romântico.

Mas não era amor. Era domínio. Total e completo.

Antes de encerrar a chamada, ainda ouvi a voz da Tati no fundo, rindo, provocando com uma frase que grudou na minha cabeça:

— Hmm... que quentinho, mestre.

A tela escureceu. E tudo em mim apagou junto.