Batia em mim na escola e agora namora minha filha

Capítulo 1 


— Jonas! Quanto tempo, meu camarada!

O tempo que havia passado não tinha sido o suficiente, foi o que pensei quando Pedro avançava em minha direção em busca de um abraço. 

Era surreal ver aquele ser depois de tanto tempo. Parecia um filme de terror. O homem que minha filha trouxe para jantar na minha casa era o garoto que fez da minha adolescência um inferno.

Ele era o novo namorado de Valentina.

Num gesto desesperado, me belisquei, usando alógica que havia aprendido lendo Turma da Mônica. Talvez fosse um pesadelo ultrarrealista e a dor fosse capaz de me acordar.

Minha esposa e minha filha se entreolhavam, confusas, enquanto eu permanecia imóvel, sem reagir ao abraço que Pedro dava em mim, apertado o suficiente para me incomodar.

— Vocês se conhecem? — minha esposa perguntou, sem entender o que estava acontecendo.

— Sogrinha, que prazer! — Pedro disse, se virando para ela com o mesmo entusiasmo exagerado com que me cumprimentou — Você não vai acreditar na coincidência… eu e o Jonas estudamos juntos no colégio!

Bom, aquela era uma forma de colocar as coisas. Apenas deixava de fora o mero detalhe de que ele me espancou tantas vezes que precisei mudar de escola para conseguir paz.

E agora, ele estava de novo ali. Anos depois, dentro da minha casa. Não conseguia processar como isso tinha acontecido.

— Meu Deus! Que surpresa! — Sílvia exclamou, forçando um sorriso para combinar com a energia exagerada de Pedro. — Quero saber tudo dessa história, mas para começar, que tal um vinho?

Valentina e Pedro responderam que sim. Eu não me mexi e nem disse nada, totalmente paralisado pelo choque.

Enquanto se levantava para buscar as taças na cozinha, minha esposa lançou um olhar rápido para mim. Um daqueles olhares que só quem vive há mais de vinte anos junto consegue decifrar. Me juntei a ela na cozinha e ela me deu uma palestra:

— Não adianta nada você ficar com essa cara. Eu também não gosto que a Vale esteja com um cara tão mais velho — ela disse num tom professoral que eu odiava — Se você bancar o inimigo agora, ela vai continuar com ele só para provar que é mais esperta do que a gente. Deixa as coisas seguirem o próprio rumo, nenhuma relação dura muito nessa idade.

Ela tinha um ponto. Um bom ponto, até. Só não tinha todas as peças do quebra-cabeça para entender porque eu estava com aquela expressão como um homem que assiste ao próprio enterro. Nunca tinha contado para ninguém as coisas horríveis que eu tinha vivido naquela época, nem para minha esposa.

Tentando parecer razoável, assenti com a cabeça e levei a garrafa de vinho para a mesa junto das taças. Valentina e Pedro já estavam sentados na mesa de mãos dadas, rindo de alguma coisa.

Ela parecia leve. Feliz. Enfeitiçada. Por isso, segurei minha vontade de berrar com ela. Não conseguia entender o que estava acontecendo com ela. 

Durante toda a adolescência, Valentina foi uma menina tão tranquila. Loirinha, tímida e sempre vestindo roupas largas, não era alguém que gostava tanto assim de atenção. 

Com certeza, ela era muito mais parecida comigo do que com a Sílvia.

Mas, desde que entrou na faculdade, essa calmaria parecia ter virado de ponta-cabeça. O jeito de falar, as amizades, as roupas… tudo tinha mudado. Aquele novo ser que dividia a casa com a gente ainda era estranho para nós.

E eu não estava preparado para o despertar do interesse dos homens na minha filhinha.

Me irritava profundamente os olhares, como se ela fosse um pedaço de carne. Uns caras passavam devagar demais, encarando, outros faziam questão de virar o pescoço. Teve um dia, no shopping, que ouvi um sujeito cochichar para o amigo que queria “chupar as tetas da loirinha”.

Já era enlouquecedor… e agora mais essa. O primeiro namorado que Valentina ia nos apresentar tinha a minha idade.

Sentei-me em silêncio, enchi as taças e torci para que o vinho fosse forte o bastante para me anestesiar pelo resto daquela noite.

— Essa não é a coincidência mais maluca do mundo? — disse Valentina, com uma voz aguda demais que deu uma pontada na minha têmpora, já sensível desde o primeiro minuto do jantar. — Amor, como era estudar com o meu pai?

— A gente tinha uma rivalidade épica! — respondeu Pedro, empolgado, arrancando risadinhas das duas. — Eu e seu pai tivemos um crush na mesma garota na época… como era mesmo o nome dela?

— Laura. — respondi, seco. Aquela pergunta não passava de uma encenação. Fazia quase trinta anos, mas não tinha como ele ter esquecido o nome da própria namorada.

— Isso mesmo! — Pedro confirmou, com um entusiasmo irritante. — Você sabe como é nessa idade… A Laura era loirinha, a primeira da turma a ter peitinhos, então, claro, todo mundo ficou alucinado.

Mesmo sabendo de cor e salteado aquela história, ainda estava curioso. Curioso para saber se, em algum momento, ele mencionaria o dia em que me espancou na frente da escola inteira, só porque descobriu que a gente gostava da mesma garota. Ou quem sabe se teria coragem de falar sobre os meses em que ele e os amiguinhos dele me perseguiram, riram da minha cara e fizeram da minha vida um inferno.

— Como homem é nojento, né? — Sílvia cortou a história, reprovando o comentário de Pedro com o olhar — Chega de passado. Quero saber do presente. Como vocês dois se conheceram?

Valentina e Pedro se olharam, cúmplices. Riram como se compartilhassem algum segredo. Nenhum dos dois parecia com pressa de responder.

— Bem… é um pouco constrangedor — disse Pedro, fazendo charme, como se estivesse contando uma história fofa em um programa de auditório.

Valentina caiu na risada antes mesmo do fim da frase, já prevendo o desfecho.

— Eu estava fuçando as redes sociais do Jonas — ele continuou, me lançando um sorriso cínico — e vi uma foto de vocês três juntos. Aí… adicionei a Valentina e puxei conversa.

— E eu respondi — disse Valentina, completando o namorado como se tivessem ensaiado — Achei ele charmoso. E a conversa fluiu de um jeito tão gostosa...

— A gente conversou por semanas antes de se encontrar pessoalmente — continuou ela, olhando para ele com um brilho nos olhos. — Quando nos vimos pela primeira vez, foi como se já nos conhecêssemos há anos.

— E de certa forma, né? — Pedro completou, olhando direto para mim. — Eu já conhecia ela antes mesmo de ser concebida!

Na minha cabeça, já começava a calcular se valeria a pena partir pra cima dele…  mas não precisei pensar muito.

Pedro era um homem alto, com a pele escura e todo tatuado. 

Ao contrário de mim, usou bem os anos que passaram desde o colégio. Estava forte, com braços largos, costas largas, aquele tipo de corpo que te faz pensar duas vezes antes de entrar numa briga.

Até por termos a mesma idade, não pude evitar comparar nós dois. Eu era um exemplar típico do homem de meia-idade: barriga de chope começando a despontar, calvície, uma visão horrível que me obrigava a usar óculos, e uma resistência física que se limitava a subir dois lances de escada sem ficar ofegante.

No fim das contas, seguir o conselho da Sílvia era o mais sensato. Explodir ali, na frente de todo mundo, só me faria passar vergonha.

Comemos entre risadas, lembranças selecionadas e brindes que eu mal consegui acompanhar. A lasanha, feita pela minha esposa, estava ótima — mas não consegui aproveitar plenamente, de tão tenso que eu estava. O vinho, por outro lado, descia fácil. Talvez porque era a única coisa naquela noite que parecia me oferecer algum alívio.

Quando finalmente os pratos foram retirados e o jantar parecia ter chegado ao fim, respirei aliviado. Pedro se espreguiçou na cadeira e começou a se levantar.

Era isso. Ele ia embora da minha casa.

— Amor — disse Valentina, levantando-se com ele — você não devia dirigir, né? Bebeu bastante.

Ele fez um gesto despreocupado com a mão.

— Imagina, foi só um pouco de vinho...

— Só um pouco? Você tomou uma garrafa quase inteira! — ela riu e virou-se para a mãe, já sabendo a resposta — Ele pode dormir aqui, né?

Sem esconder a cara feia, minha esposa concordou.

Fiquei parado, com a taça vazia na mão, enquanto Valentina sorria orgulhosa e Pedro desaparecia no corredor, guiado por Sílvia.

Fiquei ali, em silêncio, encarando a toalha da mesa e me perguntando em que momento exato minha casa deixou de ser minha.

Capítulo 2


Tec, tec, tec.

O único motivo pelo qual consegui dormir naquela noite — sabendo que Pedro estava dividindo uma cama de solteiro com a minha filha, no quarto que eu mesmo pintei de rosa e decorei quando ela ainda usava fralda — foi porque tinha bebido litros de vinho.

Sei que é ridículo, mas na minha cabeça, eu imaginava os ursinhos de pelúcia que trouxe das minhas viagens pelo mundo para Valentina, como personagens do Toy Story, assistindo à cena, estáticos, impotentes, vendo os dois agindo como animais. E essa imagem me torturava.

Tec, tec, tec.

Fiquei puto quando acordei de madrugada com a droga desse barulho vindo do quarto onde eles dormiam. Não era inocente a ponto de pensar que minha filha ainda era virgem — mas, por algum motivo, achei que ela respeitaria a santidade do nosso lar.

Ou, no mínimo, teria a decência de ser mais silenciosa.

Tec, tec, tec.

Não eram gemidos. Nem o ranger previsível do estrado da cama. O som era estranho, fora de contexto. Comecei a me perguntar se não estava delirando.

Parecia algo metálico. Minha mente rodava, bêbada e aflita, tentando adivinhar que tipo de cena profana produzia aquele barulho às três da manhã.

Tec, tec, tec.

Fora que eles tinham bebido bem…

Eu garanti que a taça do Pedro nunca ficasse vazia, não porque queria ser um bom anfitrião com aquele filho da puta, esperava que o excesso de álcool anestesiasse os desejos.

Mas, meu plano tinha falhado.

Tec, tec, tec.

Ainda zonzo, levantei. Saí pela casa feito um zumbi, decidido a entender o que estava acontecendo. Sabia que não conseguiria fechar os olhos de novo enquanto aquele som seguisse ecoando — ou enquanto minha mente continuasse imaginando o pior.

Parei em frente à porta do quarto da Valentina e encostei o ouvido, só para ter certeza. O som vinha mesmo dali.

Fui até o quintal e me posicionei ao lado da janela do quarto dela. Fiquei alguns segundos parado, ponderando se realmente queria ver o que estava acontecendo. 

Se era justo invadir a privacidade da minha própria filha daquela forma.

Tec, tec, tec.

Pode parecer uma decisão difícil — e talvez devesse ser — mas, naquele momento, eu já estava decidido. Ela havia perdido o direito à privacidade quando achou que era uma boa ideia trazer aquele traste pra dentro do nosso lar.

Com cuidado, empurrei uma das lâminas da persiana, só o suficiente para abrir uma fresta e ter visão parcial do interior.

Demorei alguns segundos para me acostumar com a escuridão do quarto. Meus olhos buscavam formas, sombras, qualquer movimento. E quando finalmente entendi o que estava vendo…

Arrependi-me amargamente de ter chegado até ali.

Valentina estava deitada na cama. Usava uma lingerie preta rendada. Combinava com uma meia-calça escura e, para minha perplexidade absoluta, um par de saltos altos — em cima da cama.

Aquilo não era espontaneidade. Ela havia trazido cada um daqueles apetrechos para a casa onde cresceu, como se fantasiar daquele jeito para transar fosse algo normal.

Pedro, deitado de lado próximo a ela, estava confortável demais. Sorrindo, ele passava uma pena lentamente pela barriga e pelos seios da minha filha.

Que merda que os dois estavam fazendo na minha casa?

Tec, tec, tec.

Foi só quando Valentina se contorceu, sentindo cócegas e se estremecendo com o toque da pena, que entendi o que era o som.

Algemas.

O som que me torturava era das algemas se chocando contra o ferro a cada espasmo involuntário da minha filha.

As mãos de Valentina estavam presas à cabeceira de metal da cama por algemas.

Tec, tec, tec.

Eu odiava aquele som. E, de certa forma, tudo era culpa do novo namorado da minha filha.

Sílvia já tinha tentado, anos atrás, apimentar as coisas entre nós. Sugeriu brinquedos ou  fantasias, e eu sempre recusei. Um dia, ela apareceu com um par de algemas rosas de sex shop — e aquilo terminou numa das piores brigas do nosso casamento.

E agora, o responsável por tudo isso estava ali, brincando com uma pena no corpo da minha filha, que além de estar algemada à cama, estava vestida como uma prostituta.

Aquilo me levava direto de volta a uma das cenas mais humilhantes da minha vida.

Pedro e os amigos me acorrentaram de costas a um mastro no pátio da escola. Como se isso não bastasse, decidiram arriar minhas calças arriadas, exposto na frente de toda a turma, e acharam que seria “engraçado” bater com livros e cadernos na minha bunda.

Nunca consegui entender o apelo de ser imobilizado. Para mim, quem gostava desse tipo de coisa não passava de um bando de doentes.

Tec, tec, tec.

Aquele som maldito me arrancou das lembranças e me trouxe de volta ao presente. O que eu via agora era tão doloroso e humilhante quanto o que havia acontecido anos atrás.

Pedro deslizava uma pena pelas axilas da minha filha, enquanto ela se contorcia na cama, tentando conter os gritos. Ela deveria achar que só os dois estavam acordados naquela hora.

Ela respirava rápido. Suas pernas se mexiam, os braços puxavam inutilmente contra as algemas que a prendiam à cabeceira. A calcinha preta minúscula era engolida pelo seu corpo, expondo-a cada vez mais.

— Papi… eu… eu… não aguento mais.

Senti o estômago revirar. Por um segundo, achei que fosse vomitar. Valentina, com um homem da minha idade, já era perturbador. Mas chamá-lo assim… era repulsivo. 

Pedro, claro, não se abalou. Apenas continuou passando os dedos em círculos pelos mamilos dela, saboreando o controle da situação, antes de responder:

— Você sabe que eu não posso. Esse não era o acordo.

— Eu sei… mas eu não vou conseguir esperar.

— E você lembra por que eu não posso, né? — perguntou como se estivesse testando uma aluna desobediente.

— Lembro… mas só dessa vez…

— Se eu te der o que você quer, na hora que você quer… qual seria a graça?

— Por favorzinho, papi… — Valentina implorava entre gemidos.

Pedro se levantou e observou o quarto com calma. Fitou minha filha algemada na cama como um artista montando uma exposição.

Subiu sobre ela e cravou os dentes na costela, arrancando um grito abafado. Foi subindo, lento, parou na base do seio, sugando com força, deixando a pele vermelha e sensível. Cada mordida e chupão era um lembrete de quem dominava aquele momento.

Não demorou muito e Valentina envolveu a cintura dele com as pernas, como se tentasse retribuir, prendendo-o junto dela. Seu corpo se contorcia, e os dedos dos pés se encolheram, pequenos espasmos de prazer escapando em gritinhos abafados. Ela jogou a cabeça para trás, os cabelos espalhando-se pelo travesseiro, os olhos fechados enquanto se entregava por completo.

Nesse momento, eu estava mais atônito do que horrorizado. Pedro havia feito minha filha chegar ao clímax, passando uma pena pelo corpo dela e uma chupada nos seios.

— Você é impossível, sabia… está quebrando as regras.

— Eu sei, Papi… me desculpa — ela respondeu, sem disfarçar o sorriso no canto da boca.

Ele se aproximou, soltou as algemas com um estalo e a fez virar de costas. Valentina obedeceu sem dizer uma palavra, apoiando o rosto no travesseiro enquanto oferecia o seu corpo. Pedro voltou a prendê-la, agora com os braços esticados, redesenhando a cena a seu bel-prazer.

— Não tenho outra escolha… vou ter que te educar.

Afastei-me da janela, ciente de que não aguentaria ver o que estava prestes a acontecer.

Caminhei até meu quarto, mas os sons continuaram me seguindo pelo corredor.

Plaft. Tec, Tec, Tec. Plaft…

Capítulo 3


Sabia que não conseguiria dormir naquela noite. Ainda assim, era melhor sofrer na cama, o lugar mais quente e acolhedor da casa.

Girei a maçaneta com cuidado, tentando não a acordar minha esposa.

Antes mesmo de abrir totalmente, já ouvia a respiração dela no corredor. Sílvia nunca roncava. E aquele som… não era de quem dormia. Era acelerado, entrecortado, como se ela estivesse praticando algum exercício.

Entrei devagar e confuso. Quando percebeu minha presença, minha esposa levou um susto. Quase caiu da cama tentando se recompor, puxando os lençóis com pressa e evitando o meu olhar.

Ela estava se masturbando?

Alguém tinha colocado drogas na lasanha. Só podia ser isso. Todo mundo naquela casa parecia fora de si.

Bom, não era a primeira vez, depois de tantos anos de casamento, que pegava Sílvia no flagra. Ela sempre teve muito mais apetite do que eu.

Principalmente quando bebíamos, o álcool nos afastava. Eu ficava mole, queria dormir. Ela, elétrica, queria sexo.

Eu até engolia isso. Só que naquele momento o problema era outro.

Ela estava ouvindo os mesmos barulhos que eu, vindo do quarto da nossa filhinha.

Como alguém conseguia ficar excitada no meio de uma crise daquela?

Era coisa demais para minha cabeça. Deitado ali, ainda ouvindo a “aula” de boas maneiras que Pedro fazia com Valentina, também tinha que lidar com o fato de Sílvia parecer estar animada com isso.

Fingi que não percebi nada e deitei do lado dela. Ela se virou, me abraçou e passou os dedos no meu peito.

— Onde você tava, querido?

— Fui pegar água… — menti, embora ela não parecesse verdadeiramente interessada na minha resposta.

Beijou meu pescoço. A mão deslizou por debaixo do lençol até alcançar minha virilha. 

Tentei para-lá. Em vão.

— Você sabe como eu fico depois do vinho, Síl…

Ela segurou com firmeza e começou a brincar com meu pau. Passou os dedos nas minhas bolas… e pronto.

— Pelo visto, hoje você não vai conseguir dizer não — ela disse, rindo sozinha.

Nem eu entendi. Depois de tudo que vi, não fazia sentido. Com certeza, alguém havia drogado nossa comida.

Sílvia não perdeu tempo, agiu como se cada segundo fosse crucial. Montou em cima de mim, com as mãos, encaixou meu membro dentro dela e, movimentando rápido o quadril, fez tudo basicamente sozinha. Era como se ela estivesse me comendo.

E, eu não tinha do que reclamar. Os peitos dela subindo e descendo, os cabelos loiros voando sem direção… era a nossa melhor transa em muito tempo.

Minha esposa inclinou a cabeça para trás e fechou os olhos, os lábios entreabertos. Me distraí, tentando decifrar o que se passava na mente dela enquanto cavalgava em mim.

"Deve estar pensando no Pedro."

A ideia me atingiu como um soco, despertando uma raiva que eu não sabia que tinha dentro de mim. Segurei firme seus quadris e acelerei o ritmo, como se cada estocada fosse uma forma de punição.

— Isso! Mete gostoso… — Sílvia disse gemendo.

Mas, o que era para ser um incentivo, me jogou em outra espiral de loucura…

Mãe e filha. Vozes tão parecidas que às vezes se misturam na minha cabeça. O mesmo sotaque, os mesmos trejeitos. Já perdi a conta de quantas vezes atendi ao telefone sem saber qual das duas estava do outro lado ou confundi quem me chamava pela casa.

Valentina no quarto do lado, vestindo meia calça, lingerie preta e saltos. Parecia muito minha Síl, vinte anos atrás.

“Por favor, não”, implorei para minha própria cabeça. Mas, não tinha mais volta. 

Olhei de novo para Sílvia, e seu rosto estava mais fino, seus peitos menores e menos caídos. Como ela era quando era jovem. Quando ela tinha a idade da Valentina.

Tentei controlar, mas as imagens na minha cabeça vinham rápido demais.

Na minha cabeça, Pedro, o menino que me batia na escola, agora fodia violentamente minha filha de quatro. 

E não era só isso. Ajoelhada do lado da filha, Sílvia, sem protestar, esperava ansiosamente a vez dela.

Um grito tomou conta de mim. Achei que fosse desmaiar. Gozei de uma forma que nem sabia que era possível. 

Sílvia me olhou sorrindo.

— Uau! Que ligeirinho, amor… deveria estar bom heim? — ela disse, como se isso fosse alguma forma de elogio. 

Definitivamente, tinha algo errado na lasanha.

Capítulo 4


Passei horas rolando na cama, encarando o teto, engolido por toda aquela experiência. As vozes da noite anterior ainda ecoavam na minha cabeça, misturadas com imagens que não queria lembrar. Só adormeci depois de muito custo — na força do próprio ódio, basicamente, desmaiando de exaustão.

Acordei com o sol já alto, o quarto abafado, a boca seca. Fui direto para o quintal fumar o primeiro de muitos cigarros do dia.

Olhei para a piscina e não acreditei. Pedro ainda não tinha ido embora da minha casa.

Ele e Valentina, meio submersos, estavam se amassando contra uma das quinas da piscina, ela com suas pernas passando pela cintura dele, pendurada nele. Já minha esposa, vestia um maio vermelho e tomava sol em uma espreguiçadeira, sem se importar muito com o que ocorria a poucos metros dela.

Eu mal tinha saído da cama e já sentia a cabeça latejar.

Limpei a garganta alto, forçando os dois a notarem minha presença. Eles se separaram só o suficiente para me lançar um "bom dia" casual, ainda colados, me obrigando a continuar a assistir aquela safadeza.

— Que bom que você apareceu! — Pedro exclamou, forçando um tom de falsa camaradagem. — Senão, eu ia ter que sair da piscina... Que tal me trazer uma cerveja, toquinho?

Sílvia soltou uma risadinha, os olhos brilhando com uma curiosidade que me irritou ainda mais.

— Seu apelido na escola era toquinho? Que fofo, querido!

Minha mandíbula travou. "Toquinho". O maldito apelido que Pedro e os amigos me deram. Eles simplesmente um dia abaixaram minhas calças na aula de educação física e, entre risadas, começaram a me chamar assim. 

Obviamente, nem eu e nem ele queríamos explicar aquilo ali. Mas usar o apelido na frente da minha esposa era uma declaração de guerra aberta.

— Sério que ele nunca te contou, sogrinha? Que estranho... — Pedro continuou, sem me dar tempo para reagir.

Fui até a geladeira, contando mentalmente até dez para não explodir, uma das técnicas que meu psicólogo me ensinou para controlar esses momentos de raiva.

Peguei a latinha gelada e, quando voltei, Pedro estava fora da piscina. Estava de pé, se espreguiçando, usando uma sunga branca — daquelas que revelam mais do que escondem. 

Fiquei tentando entender de onde diabos ele tinha arranjado uma sunga. Até onde eu sabia, ele tinha vindo só para o jantar na noite anterior.

Estendi minha mão com a cerveja para ele, porém, sem aviso nenhum, Pedro me agarrou pelas pernas e me levantou como se eu não pesasse nada.

— Vai, sogrão! Hoje é dia de se refrescar!

E me jogou na piscina. De pijama e tudo.

Afundei, a água gelada me engoliu junto da minha raiva. Emergi, ofegante e encharcado.

Pedro batia palmas como um idiota, Valentina se divertindo como se tivesse cinco anos. Sílvia ria, como se aquilo fosse a coisa mais inofensiva do mundo.

A cerveja ainda estava na minha mão. Por um instante, considerei jogar na cara dele.

— Vai tomar no cu, Pedro. Continua o mesmo babaca do colégio — gritei, completamente descontrolado.

As risadas cessaram no ato. Pedro congelou. Sílvia e Valentina também. O silêncio durou poucos segundos, mas pareceu uma eternidade.

Valentina foi a primeira a reagir:

— Para, né? Ele só tava brincando! Você sempre exagera tudo!

— Parabéns pelo seu showzinho! — Sílvia disparou — A gente tenta ter um momento leve em família, mas você sempre dá um jeito de estragar tudo.

Doía profundamente saber que as duas pessoas que eu mais amava no mundo estavam contra mim. Respirei fundo, tentando recuperar a compostura, e até consegui murmurar um pedido de desculpas a Pedro, baixo o suficiente para quase escapar do alcance do ouvido humano.

Era o máximo que eu podia fazer. Elas não conheciam ele tão bem quanto eu.

Voltei para dentro, tirei meu pijama molhado e coloquei um short. Cerrava minha boca com tanta força que sentia que poderia quebrar um dente a qualquer instante.

Quando voltei, os três estavam fora da piscina. Sílvia ainda tomava sol na mesma posição, enquanto Valentina e Pedro sentavam em  cadeiras próximas dela, minha filha mexendo no celular, enquanto ele conversava sobre algo com minha esposa.

Me aproximei.

Confesso que nem consigo lembrar direito sobre o que conversavam. Alguma chatice de lugares do mundo que já tinham visitado ou queriam conhecer. Mas Pedro, como sempre, não se limitava ao papo. Ele olhava descaradamente para o corpo da minha esposa, fixado nas curvas dela com uma ousadia que me fazia ranger os dentes.

De vez em quando, Valentina levantava os olhos do celular, percebendo o jeito que ele olhava para a sua mãe. Seus lábios se apertavam, as sobrancelhas se franzindo brevemente, como se não estivesse tão encantada com aquela conversa.

Foi impossível não notar o volume que se formava na sunga de Pedro. O desgraçado não tinha o menor senso de decência. Parecia prestes a se tocar ali mesmo, na minha frente e da minha filha, sem o mínimo pudor.

Contei até cem dessa vez, porque sabia que, se contasse só até dez, não conseguiria me acalmar. Quando finalmente voltei a respirar com alguma normalidade, Pedro esticou o braço, apontando para o cooler ao meu lado.

— Ô, toquinho, traz mais uma cerveja pra mim.

Respondi apenas arregalando os olhos. Sílvia, percebendo a tensão, se adiantou, sentando na beira da espreguiçadeira e ajustando o maiô.

— Deixa que eu pego. Já estava pensando em ir ao banheiro mesmo.

Ela se levantou, esticando os braços preguiçosamente antes de seguir para dentro de casa. Pedro a acompanhou com o olhar até que ela desaparecesse pela porta, os lábios se curvando num sorriso. Seus olhos se iluminaram, como se uma ideia brilhante tivesse acabado de lhe ocorrer.

Assim que minha esposa voltou, Pedro se levantou de repente, pegando-a no colo. Ela soltou um grito surpreso e deu um tapa leve no ombro dele, mas ele riu, girando os dois até a beira da piscina antes de pular com ela para dentro.

O som da água se chocando com as bordas abafou o riso dela, que logo se transformou em gritinhos abafados quando Pedro começou a brincadeira de dar caldo, segurando-a pela cintura e submergindo-a repetidamente. Mas não era só isso. As mãos dele deslizavam demais, demorando-se nas curvas dela, os dedos apertando mais do que o necessário, claramente se aproveitando da situação.

Pedro se posicionou atrás de Sílvia, os pés firmes no fundo da piscina, e a envolveu em um aperto que não deixava espaço para dúvidas. Passou os braços por baixo dos dela, entrelaçando as mãos atrás da cabeça dela, forçando-a a inclinar o pescoço para trás e colar as costas no peito dele. Os seios dela se projetaram para a frente, subindo e descendo com a respiração ofegante, enquanto as pernas tentavam se firmar na água turva.

Ele se inclinou, os lábios perigosamente próximos ao ouvido dela, enquanto seus olhos não saíam dos meus, como se estivesse me desafiando a fazer algo. Seus bíceps se retesaram, forçando os braços dela a se abrirem ainda mais, como se quisesse expor cada centímetro do corpo dela para mim.

— E aí, toquinho... — ele disse, com aquela voz debochada — O que você acha que eu deveria fazer com ela agora?

Sílvia ria descontroladamente, a cabeça jogada para trás enquanto Pedro a segurava firme, os corpos dos dois tão próximos que não tinha dúvidas que minha esposa estava sentindo a excitação dele com o momento. Eu apenas forcei um sorriso, fingindo acreditar que aquilo era uma grande brincadeira, um momento inocente entre amigos. Mas minha mão tremia ao largar a toalha na espreguiçadeira.

Virei as costas e fui para a cozinha, os passos firmes, cada passo uma tentativa desesperada de afastar a imagem deles grudados daquela forma. Abri a geladeira com força, o ar frio me atingindo como um tapa na cara. Comecei a cortar os ingredientes para o almoço sem pensar muito, o barulho da faca contra a tábua abafando os risos que ainda vinham da piscina.

Eu precisava tirar aquele desgraçado da minha casa. E rápido.

<Continua>

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